A vida anda atribulada. Tanto em termos de compromissos a ticar na agenda quanto em aflições. É um frio na barriga eterno, uma correria constante contra o relógio. Sempre tive uma grande tendência a maldizer os contratempos e fazer malabarismos para driblar os tormentos. Acostumei-me a sentir uma extrema tristeza que se aninhava como um gato em meu pâncreas em períodos assim. Mas não dessa vez. Tento respirar fundo o dia inteiro. Conto até dez. Ás vezes eu explodo entre o dois e o três, mas em geral funciona. Aproveito o tempo perdido em engarrafamentos e em belos dias de tempestade como o de hoje para ler livros teóricos (não, nada de poesia para mim ultimamente. Não me faria bem.), estudar matemática (sim, matemática. A certeza e a simplicidade dos números nunca me fascinou tanto.) e gramática (a mais lógica de todas as artes das letras). Eu já sabia que na maior parte dos casos, não pensar é uma dádiva, mas nunca consegui seguir essa meta. Porém, quando nos tornamos adultos, talvez essa se torne uma tarefa mais grata. São tantos os afazeres, tantos os planos para o futuro próximo -- e para aquele que praticamente cai na esfera dos nossos sonhos -- que se torna mais fácil nos tornarmos autômatos. Acordar, tomar um suco. Ligar o computador. Trabalhar. Responder e-mails. Olhar o Facebook. Almoçar. Ir ao banco. Comprar roupas. Tomar um café. Responder mais e-mails. Escrever um texto. Tomar banho. Assistir a um filme. Dormir. O meu pequeno e insignificante circuito fechado que tem me salvo a vida. E posso até mesmo dizer que, ao contrário do que sempre acreditei, consegui encontrar felicidade na disciplina, dois termos que até bem pouco tempo eram antônimos no meu vocabulário. Será essa a vida adulta? Provavelmente não. Espero que não. Entretanto, enquanto eu não aprender qual é o meu ponto de equilíbrio nessa vida, ou algo que seja próximo a isso, assim terá de ser.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
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